quarta-feira, 28 de novembro de 2007

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

15º ao 23º Dia do Projeto

Após recebermos a notícia sobre a copa de 2014. Decidi trabalhar com os alunos crônicas de futebol. Entre essas disponíveis no blog, os alunos trouxeram outras para enriquecer nossa leitura.
Após o estudo destas crônicas encerramos o projeto com a produção escrita dos alunos. A proposta foi a elaboração de uma crônica sobre a Copa de 2014. Entre as crônicas que se destacaram estão estas abaixo...

Copa de 2014 por Felipe 6 série B

- E aí Ronaldo!
- E aí Emerson!
- Vai serlegal a copa do mundo aqui no Brasil!
- É, que pena que é só daqui a sete anos.
- O Ronaldo,será que a copa vai nelhorar o Brasil?
- Eu acho que vai melhorar bastante,por exemplo: o transporte,o policiamento, as estradas e mais,os estádios de futebol e muitas outras coisas. Mas também vai acontecer o seguinte: o governo vai cobrar mais impostos para tudo isso acontecer. E também vai ser muito difícil alguma pessoa pobre entrar em um jogo da copa,porque os ingressos vão estar muito caros.
- Ah, então os brasileiros vãopagar mais impostos,mas a maioria não vai poder entrar...
- Isso mesmo. Oh Emerson eu tenho queir. Falou!
- Falou...

Copa 2014 - A escalação por Vinícius 6º série D

Quando assistimos a um jogo de futebol da seleção brasileira,normalmente escutamos jornalistas ou locutores pedirem aos jogadores que tenham amor a camisa que estão usando,que representem com orgulho a nossa nação brasileira.

Vamos unir a nação brasileira com valores cívicos e desordem política nacional.

Vamos começar pelo nosso time.



Goleiro - Luís Ignácio LULA da Silva

Capitão - Capitão Nascimento - para manter a ordem no campo

Titulares - José Serra, Jesus Chedid, , Pelé, Garrincha, Romário, Zico, Sócrates, Rivelino,Gersão e Nilton Santos.
Reservas - Falcão, Tostão, Ronaldo Fenômeno, Didi Mocó.
Juíz - Deputado Clodovil
Bandeirinha: Sabrina Sato e Samambaia - para animar os jogadores
Técnico - Fausto Silva - porque ele só sabe falar
Local - Morro do Turano - tem bastante espaço
Policiamento - BOPE - alguém vai encarar???
Escolta dos jogadores - A P.M. e Guardas municipais de Atibaia, pois a cor da farda deles vai animar os jogadores...
Gandula - Fogueteiros
Nome do Time - S.C.B. Seleção corrupta brasileira.
Observação: Os jogadores Pelé, Garrincha, Romário, Zico, Sócrates, Rivelino, Didi, Gerson, Nilton Santos, Falcão, Tostão e Ronaldo - minha admiração, pois vão equilibrar o nosso time de quase craques e temos a chance de ganhar com técnico e roubo...
É mole???

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Crônica Luís Fernando Veríssimo


A Bola

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao
ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro.
Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os
garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem
magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como e que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho. - Não tem manual de
instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os
tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou
na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um
videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos
disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao
mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava
ganhando da máquina.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu
equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a
bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de
couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa
idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Crônica Mário Prata


Futebol, teoria e prática

Sempre que eu escrevo aqui sobre futebol, tem umas senhoras que reclamam.

Acontece que, em primeiro lugar, eu adoro futebol. Em segundo, minha cara, se o Roberto DaMatta escreveu, se o Verissimo escreveu, se o Ubaldo escreveu e o pau não comeu, por que não eu? Viram?, estou até rimando.

É que eu tenho uma teoria sobre o nosso futebol paraguaio. Não sou homem de muitas teorias, sempre fui um prático. Mas há 30 anos, exatamente desde a Copa de 70, venho acompanhando a queda do nosso futebol. De lá para cá - exceção da seleção de 82 -, é sempre um sufoco assistir aos jogos da nossa seleção. Até contra o Panamá, país onde passa um canal no meio do campo, a gente ficou na agonia durante exatamente 61 minutos.

A minha teoria é a seguinte. Até 70, não havia substituições no jogo.

Machucou, saía e continuava com dez. Ali começou o imbróglio. Com as três substiuições, veio o banco de reservas. E com o banco, ele, o técnico. Deus.

Era aqui que eu queria chegar. Depois deixaram o Deus ficar de pé. E gritar.

Gritar palavrão, dar ordens, xingar, ameaçar, mandar fazer isso ou aquilo.

Sendo dono da coisa, da cabeça e do talento dos nossos meninos.

Ou seja, o técnico quer que o jogador faça o que ele quer e não o que o jogador sabe. Fico a imaginar um técnico gritando com o Garrincha, que dribrava para trás. A pedir para o Pelé não entrar pela direita. Teve um até que chegou a dizer que o Pelé estava ficando cego. Céus.

O jogador brasileiro tem aquele nível cultural que você conhece. É tímido, envergonhado, semi-analfabeto. Hoje, erram uma jogada e olham para o banco.

Já reparou? E, quando acertam, vão lá beijar o dono deles, o pai deles, o homem que pensa por eles.

A minha idéia é acabar com esse negócio de substituição e deixar os onze craques lá dentro. E eles se virarem entre eles. Eles perceberem com o talento que o verdadeiro Deus lhes deu e se ajeitarem. Vai voltar a criatividade e a ginga dos moleques canarinhos.

Eu não sei qual é a sua profissão. Mas imagine você trabalhando e um sujeito (que se julga superior a você, mas nunca fez aquilo) martelando no seu ouvido.

Fico imaginando eu aqui, escrevendo e um sujeito gritando ao meu lado:

- Olha a vírgula, porra! Olha a vírgula!!!

Sem saber onde é que eu ia terminar a frase.

- O parágrafo tá ficando grande! Corta! Corta!

- Tá usando muita reticência... Assim o leitor não agüenta. Olha o trema do agüenta!!!

- Crase, não! Você não sabe colocar crase. Não inventa!!! Escreva o feijão-com-arroz.

E quando eu dou uma paradinha para pensar, lá vem ele de novo:

- Pára de valorizar a palavra. Vai logo para a linha final e cruza uma exclamação.

Eu olho para ele e já não sei o que era mesmo que eu pretendia com a linha de cima.

Mas ele, ali na beira da mesa, gritando comigo. Dizendo palavrões que eu não posso colocar aqui. Eu começo a pensar numa frase bonita para correr até ele e dar um beijo. Ajeito o título.

- Isso é título que se apresente, rapaz!!! Muda o título. Mude o tipo. Use corrier, arial não está com nada. Olha o espaço! Olha o espaço, porra! Assim não vai dar. Olha o tempo. O pessoal da redação está ligando. Pensa na ilustração.

Já estou pensando em ser substituído. Estou cansado.

- Vamos cara, falta só um parágrafo. Vai mais para a esquerda, o texto tá meio reacionário. Olha a revisão. Jeito não é com g!!! Cobre o espaço!

Já pensou? Os jogadores devem ficar lá dentro com a mesma aflição. Não existe mais jogador. Existe aquele homem ali, que entende de tudo, que se veste bonito, fala bonito e - geralmente - é um tremendo de um mau-caráter e seu vocabulário se resume a palavrões e chavões.

Tirem aquele homem de dentro do campo, pelo amor de Deus, pelo amor e talento aos nossos craques. Ninguém trabalha sob pressão, com palpites.

Bem fazia o Feola, campeão de 58, que dormia nos treinos e deixava a garotada trabalhar com prazer.

(O estado de s. paulo - 15/08/2001)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Crônica Mário Prata


Isso é time que se apresente?
Dentro do desastre contínuo que vem sofrendo o futebol brasileiro, surge mais uma coisa absurda: o nome dos jogadores. Como se não bastassem os larápios, amadores e suados cartolas, como se não bastassem os técnicos dentro de campo gritando palavrões de terno e gravata, agora os nomes dos novos craques. Resolvi, neste fim de semana, dar uma olhadinha nas escalações dos nossos melhores times. Os que disputam o Rio-São Paulo e a Sul-Minas.

Tudo muda, inclusive no futebol. Na seleção de 58, todos tinham apelidos carinhosos: Zito, Didi, Pepe, Pelé, Vavá, Dida. Eram meninos, com nome de meninos. E, para esculhambar, tinha um Garrincha, nome de passarinho. Depois vieram os nomes duplos. Vários Rogérios alguma coisa. Vários Fábios alguma coisa. Marcos e mais outro nome. César e etc.

Agora a coisa endoidou. Fico imaginando um pai e uma mãe chamando o bebê de Kléberson. Não pode, gente. E Claudecir? O padre deve ter engasgado na hora do batismo.

Mas vejam alguns dos jogadores que atuaram no fim de semana pelos gramados brasileiros.

Na letra A, de Ademir da Guia, de Alfredo, de Augusto, hoje encontramos um Adaílton, um Anaílson, um Ayupe e, pasmem!, um Allan Delon (aliás, emérito artilheiro baiano, só que feio para chuchu). E o Abimael, que levou o Figueirense para a primeira divisão emprestado pelo Gamma. Abimael! Tente guardar esse nome.

No B, onde já brilharam Bellini e Bazzani, hoje temos um Bagnara, um Bóvio, é óbvio, e um forte Ben Hur. Como é que uma mãe pode fazer uma sacanagem dessa, colocando o nome do filho de Ben Hur?

Carlos Alberto Torres, o grande capitão do tri, está acompanhando pelo Canindé (que não é o estádio da Lusa), pelo Cicinho. E tem mais o Claudecir (deve ser mistura do nome do pai com a mãe, não é possível), um Clayrton (com y, para mais elegância) e um bom goleiro que recebeu na pia batismal o nome de Clemer.

Didi e Dario Peito de Aço, Del Vecchio e Dudu, jamais jogariam num time que tem no gol um indivíduo chamado Danrlei, de pronúncia difícil e belas defesas. E o Deivid, gente, escrito assim mesmo? Quer mais? Tem um Dedimar. Não consigo captar como é que inventam um nome destes: Dedimar.

Edson Arantes do Nascimento, Eder e Edu, têm um companheiro na ponta-esquerda que atende pelo nome de Euller. Mas a letra E é pródiga: tem até um Elano (e joga bem, o danadinho). Temos Elivelton e Erivelton. Sem falar no Emerson e no Ewerton. Já notou como mãe de jogador gosta de um on ou um son no fim? Roberto DaMatta explica? E o Elson? Esqueceram a letra N?

No F, de Falcão, temos até Fumaça. Surge um Fransérgio. Mas o campeão aqui é o Fael. Deve ser sigla de alguma coisa tipo Fábrica de Armas Elétricas Ltda. Ou coisa que o valha.

G, de Goiano e Garrincha, G de Germano, de Gallardo, vem logo com um Gavião pra impor respeito. Mas é seguido de perto pelo Géder e por outro goleiro, Gleguer (tente pronunciar alto).

No J, de Julinho Botelho (isso, sim, é nome de jogador) temos vários sons: Jackson, Jadílson (esse garoto promete) e Jaílson. Fora o Jamir que deve ser parente do Salim Maluf. E o Jussiê? Dossiê do Juscelino?

Se na letra K está nascendo um Kaká, surge também um Kléberson que, espero, nos ajude a trazer o penta.

O L, de Laércio, de Luis Pereira e de Leivinha, se nos apresenta com um Laílson e um Liédson. Gente, eu estou impressionado com o final dos nomes em son. Será que o Laílson é filho do Laíl, e o Líedson do Liéd? Jamais saberemos.

Mabília, Máicon e Marlon.

Você pode até não acreditar, mas o Odvan (ex-Vasco, agora no Santos) tem este nome porque a mãe dele era apaixonada pela música O Divã, do Roberto Carlos, deus nos jornais. Logo no O, de Oberdan e Orlando Peçanha.

Pelica, Pingo, Preto (numa letra que foi de Pagão, Pelé e Pepe), Ratinho e Recife até quepara agüentar. Mas o que você me diz de Sairo, Selmir e Simplício?

O Túlio sumiu, mas surgiram o Taílson e o Tucho.

E de quem foi a idéia de colocar o nome de Váldson no menino? Parece coisa de avó. E Valnei?

E, para encerrar, Wellerson, mais um filho de.

Esses, meus amigos, são os nossos craques do futuro. Dá pra confiar?

(O estado de s. paulo - 20/03/2002)